sábado, outubro 26, 2002
Meus heróis morreram de overdose. Alguns viraram pano de chão...
Outro dia, me deparei com uma camiseta que usava há algum tempo: branca, com um desenho do rosto do John Lennon, com a tradução da música imagine.
A camiseta não teve um final digno da letra que ostentava. Estava ali confinada em um banheiro, servindo de pano de chão.
Lembro-me que não foram poucas as vezes, que percebi pessoas lendo a camiseta. Não era uma frase qualquer para ser lida num passar de olhos. Era a letra de uma música, para ser lida minuciosamente.
E era em locais públicos, como por exemplo no metrô, onde eu feito um outdoor ambulante, parado, em pé, servia meu tórax para a letra utópica ser lida.
(...Imagine todo mundo dividindo tudo...) dizia um trecho da música. E de alguma forma eu dividia esse sonho lúdico com outras pessoas.
Mas essa cena já havia se repetido em outra ocasião, desta vez com uma camiseta do desenho do graúna, personagem antológico do Henfil. Em cima do desenho, a frase: Estou vendo uma esperança e embaixo: Lula presidente. E ela também havia se transformado em pano de chão.
De qualquer forma, a camiseta do desenho do Lennon teve o mesmo destino. Um destino nada poético, nada revolucionário, nada idealista.
(...Você pode dizer que sou um sonhador. Mas não sou o único não. Espero que um dia, você se junte a nós. E o mundo será um só.) Encerra a letra e a camiseta, seguida da assinatura do Lennon.