quarta-feira, dezembro 31, 2003

Oito gestos para entender dois mil e três


O presidente norte-americano George W. Bush prepara o cabelo antes de anunciar o início da guerra.


Cabeça da estátua de Saddam coberta com a bandeira dos EUA. Pouco tempo depois, a estátua foi derrubada.


Alexandre Pires se emociona após cantar para o presidente Bush.


Senadora petista Heloisa Helena chora durante discurso contra a reforma da Previdência.


Lula usa boné presenteado pelos líderes do MST antes de reunião em Brasília.


Máscaras para se proteger contra a Sars, em hong Kong.


Luiz Inácio Lula da Silva cumprimenta o presidente norte-americano George W. Bush durante visita a Washington.


Partida de futebol já virou programa tradicional de domingo no Palácio da Alvorada.

sábado, dezembro 27, 2003



Os melhores de 2003

Na categoria cinema, o filme "O Homem Que Copiava", de Jorge Furtado, ganhou o prêmio de melhor filme. E "Amarelo Manga", de Cláudio Assis, ganhou o prêmio de melhor direção.

Na categoria Música Popular, Nando Reis conquistou o prêmio de melhor compositor e os Los Hermanos, de melhor grupo.

O novo fenômeno televisivo, "Pânico na TV", ganhou o prêmio revelação, na categoria Televisão.

A lista completa está na APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte)

quarta-feira, dezembro 03, 2003

Um elefante incomoda muita gente...

Uma votação promovida pela revista inglesa "Q" elegeu o álbum "Elephant", da dupla norte-americana White Stripes, o melhor de 2003.

O quarto álbum da banda de Detroit foi gravado em Londres, em um estúdio só com equipamentos antigos e sem a utilização de computadores. O disco foi lançado em abril desse ano.

"o maior legado de 'Elephant' será convencer uma nova geração de pessoas que querem ser estrelas do rock de que o pequeno e esquisito também pode ser grande", diz a revista, segundo o site Ananova
.

Veja abaixo a lista com os 10 melhores discos de 2003, segundo a inglesa "Q":

"Elephant" - White Stripes
"Think Tank" - Blur
"De-Loused in the Comatorium" - The Mars Volta
"Youth and Young Manhood" - Kings of Leon
"Justifield" - Justin Timberlake
"Get Rich or Die Tryin" - 50 Cent
"Room on Fire" - The Strokes
"Speakerboxxx/The Love Below" - Outkast
"Permission to Land" - The Darkness
"Strays" - Janes Addiction

por Folha Online



Breve comentário infame: "o branco, o vermelho e o preto predominam nas cores das roupas e dos instrumentos da dupla Meg e Jack. Acredito que essa esquisitisse iniciou depois que a dupla adquiriu num obscuro sebo, um obscuro disco de uma obscura banda gaúcha".

terça-feira, dezembro 02, 2003



Aos súditos da rainha

O clássico "Bohemian Rhapsody", do Queen, foi eleito pelos leitores do tablóide inglês The Sun a melhor música da história.
A faixa, presente no disco "A Night at The Opera", de 1975, lidera a lista com as 100 canções mais votadas pelos ingleses.
Logo após o Queen, vem o cantor Robbie Williams, que faz grande sucesso apenas na Grã-Bretanha, com a canção "Angels".
"Everybody Hurts", do R.E.M., ficou com a terceira colocação.
A música do U2 "One", recentemente escolhida a melhor música já gravada pela revista inglesa "Q", ficou em 19º lugar na lista do Sun
.

Veja abaixo as 10 melhores músicas da história, segundo os leitores do tablóide The Sun:

:01: "Bohemian Rhapsody" - Queen
:02: "Angels" - Robbie Williams
:03: "Everybody Hurts" - REM
:04: "Imagine" - John Lennon
:05: "With Or Without You" - U2
:06: "Live Forever" - Oasis
:07: "Going Underground" - The Jam
:08: "Penny Lane" - The Beatles
:09: "Candle In The Wind" - Elton John
:10: "Love Me Tender" - Elvis Presley

por Folha Online

domingo, novembro 30, 2003



O fabuloso destino de todos nós

Remexendo em velhas fitas de VHS, revi o primeiro episódio da série "Comédia da Vida Privada", exibido em dezembro de 1994, na TV Globo.
Com direção geral de Guel Arraes, baseado na obra de Luis Fernando Veríssimo, esse episódio piloto conta a estória de três casais, mostrando o lado cômico e trágico do cotidiano, com seus encontros e desencontros, e suas fidelidades e infidelidades.

Com trilha embalada por Ray Charles com "I Can't Stop Lovin'You", os três casais são formados por: Paulo Betti e Malu Mader (Antonio e Beatriz), Marco Nanini e Fernanda Torres (Cláudio e Diana) e Tony Ramos e Débora Bloch (Edgar e Fátima).

Desencadeia uma série de crônicas, como "Cantada" no primeiro encontro do casal Antonio e Beatriz. Eles tentam "desvendar o mistério" de onde já se conheciam. Ambos mentem dizendo que poderia ser em Nice, Nova York, Londres, Paris... Depois de passarem a noite juntos eles confessam que nunca estiveram nesses lugares. Na verdade, eles já haviam se conhecido, mas na praia de Guarapari.

A crônica "Lixo" serve de roteiro para o primeiro encontro de Cláudio e Diana. Encontram-se na área de serviço do prédio onde moravam. Cada um trazia o seu pacote de lixo. Depois de alguma conversa descobrem que, já há algum tempo, um analisava o lixo do outro. Sabiam muitas coisas a respeito do outro através do lixo. Ela o convida para jantar camarões. Ele não quer dar trabalho. Ela diz que rapidamente limpa tudo e põe os restos fora. No seu lixo ou no meu?

Mas é o casal formado por Edgar e Fátima que mais me chama a atenção. Todos os três casais se casaram na mesma data, na mesma igreja. No desenrolar do episódio, Edgar e Fátima são o único casal que permanecem juntos.

No final, ao comemorarem mais um aniversário de casamento, o casal Edgar e Fátima tem como convidados, os amigos já separados. De um lado Antonio e Cláudio e do outro Beatriz e Diana observam admirados o casal dançando "I Can't Stop Lovin'You", enquanto começam a imaginar Edgar e Fátima, em vários momentos da vida que ainda virão e que eles mesmos não viverão: o nascimento dos filhos, o início da vida escolar, os primeiros namoricos dos filhos, a faculdade, o casamento, os netos...até que eles estão ali dançando novamente "I Can't Stop Lovin'You", bem velhinhos... E Antônio percebe que ainda há tempo para perguntar para Beatriz: - "Eu não te conheço de algum lugar?" - "Será Nice. Ou Nova York?" - responde ela sorrindo enquanto se abraçam e se juntam ao casal Edgar e Fátima na pista.

Enquanto isso, Cláudio e Diana lembram-se do primeiro encontro: - "No seu lixo ou no meu?". E também se juntam aos casais...

E em poucos dias eu também estarei me juntando aos casais desse episódio, para acompanhá-los em "I Can't Stop Lovin'You".

quinta-feira, novembro 27, 2003



A melhor faixa já gravada na história da música pop

Uma enquete realizada pela revista britânica de música Q elegeu a canção One, do U2, como a melhor faixa já gravada na história da música pop. A votação foi feita com opiniões de músicos e editores da revista. A lista é longa: a revista elegeu as 1001 melhores gravações. E os irlandeses entraram nela com apenas uma, a primeira, One.

Ouvido pela rede de TV britânica BBC, que divulgou a lista, o guitarrista do U2 The Edge disse que quando a banda batizou One, ele sabia que a música seria número um em alguma lista. Sua quase profecia se cumpriu mais de dez anos depois do lançamento da faixa, que saiu no LP Achtung Baby, de 1990.

A lista segue com Aretha Franklin, segundo lugar com I Say a Little Prayer, e depois tem Nirvana, com Smells Like Teen Spirit. Somente em quarto ficaram aqueles que costumam liderar todas as listas dos melhores da música pop: os Beatles, com A Day in the Life, do disco Sargeant Pepper´s Lonely Hearts Club Band. Em quinto está Elvis Presley, com In The Ghetto.

Há quatro outras músicas dos Beatles espalhadas pela lista, Something, In My Life e Paperback Writer. John Lennon em carreira solo emplacou oito músicas, enquanto o Paul McCartney do pós-Beatles conseguiu apenas uma citação, pela música Jet, que gravou com a banda Wings. Mas nem só de "antiques" foi feita a lista da Q.

Entre os dez primeiros, por exemplo, estão Radiohead, Destiny´s Child e Oasis. Veja os dez primeiros da lista abaixo.


01 - U2, One
02 - Aretha Franklin, I Say a Little Prayer
03 - Nirvana, Smells Like Teen Spirit
04 - Beatles, A Day in the Life
05 - Elvis Presley, In the Ghetto
06 - Eminem, My Name Is
07 - Radiohead, Creep
08 - Destiny´s Child, Independent Women
09 - Oasis, Live Forever
10 - Ike and Tina Turner, River Deep Mountain High

Publicado no Estadão

quarta-feira, novembro 19, 2003



O melhor álbum de todos os tempos

O disco "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", dos Beatles, foi eleito o melhor álbum de todos os tempos pela revista Rolling Stone. O álbum clássico do quarteto de Liverpool é um dos quatro de John, Paul, George e Ringo que entrou no Top 10 da lista dos 500 melhores discos de rock da revista americana. Escolhida por 273 músicos, críticos, fãs e historiadores, a lista está na edição de dezembro da Rolling Stone e serve como guia para o que já foi feito de melhor no gênero.

Veja a lista dos dez mais da Rolling Stone
1. Beatles, "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band"
2. Beach Boys, "Pet Sounds"
3. Beatles, "Revolver"
4. Bob Dylan, "Highway 61 Revisited"
5. Beatles, "Rubber Soul"
6. Marvin Gaye, "What's Going On?"
7. Rolling Stones, "Exile On Main Street"
8. The Clash, "London Calling"
9. Bob Dylan, "Blonde On Blonde"
10. Beatles, "The White Album"

terça-feira, novembro 18, 2003

Infância, camundongo e a cotação da alma

Velha infância
No blog Gurizada fotos de blogueiros na infância.

Mickey Mouse em Moscou
Um dos personagens mais antigos de Walt Disney comemora hoje 75 anos. Este vovô conhecido como Mickey Mouse é o personagem mais famoso da Disney. Mickey fez sua primeira aparição há 75 anos, no desenho Steamboat Willie (Willie - O Barco a Vapor) e tornou-se um sucesso imediato. De lá para cá, estrelou mais de 100 filmes e rende, por ano, aos cofres da Disney, cerca de US$ 4,5 bilhões.

Minha alma - A paz que eu não quero
Dica do tem, mas acabou: o site a fantastic opportunity avalia o preço da alma. A minha alma está valendo míseras 18.057 libras. É praticamente uma liquidação.

segunda-feira, novembro 17, 2003

Ranking da baixaria na TV

Foi divulgado o ranking da baixaria na TV. No total foram 1.135 denúncias feitas aos organizadores da campanha.
Este é o quinto ranking divulgado pela campanha "Quem financia a baixaria é contra a cidadania" iniciada há um ano, e traz os dez piores programas de TV.

Confira o ranking:

- Novela Kubanacan, da TV Globo, com 130 denúncias
- Programa Domingo Legal, do SBT, com 117 denúncias
- Novela Celebridades, da TV Globo, com 108
- Programa Ratinho, do SBT, com 104
- Novela Mulheres Apaixonadas, da TV Globo, com 85
- Programa Casseta e Planeta, da TV Globo, com 72
- Programa João Kleber, da Rede TV, com 33
- Programa Hora da Verdade, da TV Bandeirantes, com 32
- Programa Malhação, da TV Globo, com 31
10º - Programa do Faustão, da TV Globo, com 27 votos

sexta-feira, novembro 14, 2003

Da série: Quem matou Jackie Miller?

Publicado no extinto "ecos do caos" em 29 de dezembro de 2001:
Quadrilha do amigo secreto blogueiro

Eu tirei o Jehsse, que tirou o Fábio Carbone, que tirou o Wilson Reis, que tirou o Fred Leal, que tirou a Tatiana, que tirou a Elisabeth, que tirou o Alberto, que tirou a Laura Prado, que tirou a Adriana, que tirou a Samanta, que tirou o Edney, que tirou o Fabricio, que tirou a Nathalia, que tirou a Waleska, que tirou a Luziana, que me tirou.


O Jehsse está esperando "ela"; chegar. O Faabio psicografando um texto
felino. O Wilson se aproveitando dos links de blog alheio. O Fred comentando CD do White Stripes. Tatiane fazendo o balanço do ano. A Elisabeth está mergulhando. O Alberto, sinceramente não sei o que está fazendo. A Laura idem. A Adriana cuidando da tão abandonada dissertação. A Samanta numa festa de reveillon particular. O Edney continua amando a Cláu. O Fabricio avaliando o ano com um resumão. A Nathalia foi pra Santa Maria e parece que não voltou. A Waleska culpando o Blogbuddy. A Luziana inventando modas. E eu quando não estou por aqui, estou listando tudo o que vejo.

quinta-feira, novembro 13, 2003

Quadrilha

João amava Teresa, que amava Raimundo, que amava Maria, que amava Joaquim, que amava Lili, que não amava ninguém.
João foi para o Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história.

Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, novembro 11, 2003



Agora eu era o herói e o meu cavalo só falava inglês

Quatro velhos amigos em volta de uma mesa de bar, iniciam uma velha discussão, enquanto bebem cervejas sem álcool e degustam petiscos. São eles: Capitão Marvel, Thor, Homem de Ferro e Charlie Brown.
Charlie Brown sempre sentiu-se um estranho no ninho. E hoje, mais do que nunca, entende que não faz parte daquela turma. Nunca fez.

Esse encontro, que pode ser o último, serviu de pretexto para uma comemoração, mas talvez seja uma despedida.
Debatem filosofia barata, mas o assunto em voga daqueles heróis fora de moda, gira em torno de relacionamentos.
Charlie Brown percebe que a maioria dos heróis das histórias em quadrinhos são solteiros e tem medo das mulheres.

Capitão Marvel, Thor e o Homem de Ferro crêem que Charlie Brown jamais poderá manter um relacionamento com Mafalda. Apesar das comparações entre ambos, afirmam que vivam em mundos diferentes.
Charlie Brown pertence a uma sociedade rica, norte-americana, e Mafalda, ao mundo subdesenvolvido.

Mais há um elo entre ambos, que fez com que eles resolvessem se unir. Charlie Brown pensa e reflete sobre o mundo, analisando psicologicamente a humanidade. Mafalda, por sua vez, é uma menina politizada que dá lições de sociologia e política para os seus pais.

Possuem sim uma diferença em suas visões de mundo. Mas, quando o Charlie atende o celular, e ouve Mafalda dizendo: - Minduim, não se esqueça de passar no Pet-Shop para comprar ração para o Snoopy. - ele deixa para trás os pedidos de "Help" dos desesperados que ecoam das ruas, para seus amigos heróis solteiros, com medo de relacionamentos duradouros, socorrerem.

segunda-feira, novembro 03, 2003



Jogos do Mega Drive

Na estréia do blog "oito ou oitenta", publiquei uma lista de dez jogos do atari. Um ano depois listei os dez jogos do master system. Comemorando hoje dois anos de blog, publico a tradicional lista de dez jogos, desta vez com o mega drive.

O mega drive foi o meu terceiro video-game. Se os jogos do velho atari preencheram algumas tardes dos anos 80, os jogos do master system cumpriu o mesmo papel no início dos anos 90. Mas, o master logo foi substituido pelo mega.

1 - Alex Kidd In The Enchanted Castle (mais uma aventura do Alex Kidd. Aqui seu objetivo é alcançar o Castelo Encantado e achar seu pai)
2 - Sonic the Hedgehog 2 (segunda aventura do mascote da Sega)
3 - Mortal Kombat (um jogo de luta repleto de "Fatalitys" e violência)
4 - Golden Axe (um bárbaro, uma amazona e um esperto contando com armas e magias especiais, e dispostos a trocar suas vidas pela liberdade de seu reino)
5 - Street Fighter 2 Special Champion Edition (um dos jogos de luta mais antigo do arcade, com personagens que fizeram estória no mundo dos games)
6 - Quack Shot (game de ação tipo plataforma, em que você controla o rabugento pato Donald em uma aventura à la Indiana Jones)
7 - Streets of Rage 3 (mais um jogo de luta, com muita ação, pancadaria e golpes especiais)
8 - Mega Net (cartucho que possibilita enviar "e-mails" e jogar com outros usuários que estiverem "on-line")
9 - Game Genie (acessório que permite obter vidas infinitas e truques que deixam os jogos mais fáceis)
10 - 32 x (acessório aclopado ao console, que possibilita jogar games de vídeo da geração de 32 bits)

quinta-feira, outubro 30, 2003

Em algum lugar do passado

No meu computador tem um programa chamado Hama-Mu. É um desses utilitários, que ocupa pouca memória e possui pouca utilidade. O que não é o caso desse programa, pois ele tem uma memória de elefante. Basta que eu digite o meu nome completo, data de nascimento e sexo, para que o Sr. Sabe Tudo me forneça sem rodeios, o número da sorte, personalidade, horóscopo e até minha vida anterior.

Eu sempre imaginei que numa vida anterior, eu teria sido o Ernest Hemingway, que suicidou-se num nebuloso dois de julho, em exatos oito anos antes da minha atual encarnação. Ou quem sabe, algum famoso faraó, como o Faraó Tutankamon. Ou algum Sultão, Rei...
...E para minha surpresa, fui uma desconhecida cozinheira:

Sexo: Feminino
Ano de Nascimento: 550
Local: Leste da África

Profissão: Dona de pousada; taberneira; hoteleira; alguém que cozinha para muitas pessoas.
Personalidade: Embora você fosse uma pessoa calma e tímida, com tendência a ser dominada por indivíduos fortes ou autoritários, no seu interior viviam as qualidades da criação. Debaixo dessa aparência apagada, você teve uma sabedoria intuitiva, descobrindo as coisas boas da vida.

sexta-feira, outubro 24, 2003

Controle-remoto

O tema da vez do Multi-Uso pergunta:
"Se você tivesse uma emissora de tevê, quais os dez programas que fariam parte da programação?"

01. Provocações
02. Os Normais
03. Wonder Years
04. Arquivo X
05. Malcolm
06. Chaves
07. Simpsons
08. South Park
09. Cine MTV
10. Rock e Gol

quarta-feira, outubro 22, 2003

Estive na MTV e me lembrei de você...

Para sintonizar a MTV pela primeira vez, comprei um conversor na Santa Efigênia. Ao ligar o aparelho no televisor, vi uma imagem de uma Astrid que rodopiava sem parar. Não sei se era a antena da tevê, que tinha um chumaço de bom-bril; ou se era o câmera-Man, ou se era a própria Astrid ou se era eu mesmo; tudo girava feito um carrossel psicodélico. De lá pra cá, muita gente rodou na MTV:

01. Cuca Lazzaroto - Depois que foi VJ e apresentadora da MTV, Cuca foi repórter do programa "Domingão do Faustão". Atualmente é apresentadora do Disney Channel.
02. Gastão - Entre os programas que apresentava, Gastão comandava o "Fúria MTV" com muita propriedade. Hoje leva o seu "Musikaos" na TV Cultura.
03. Sabrina Parlatore - Ex-VJ da MTV e ex-Gastão, Sabrina comandava o programa "Território" na Band. Está apresentando o programa juvenil "Superpositivo", que antes era dividido com Otaviano Costa.
04. Cazé Peçanha - Apresentava o "Teleguiado" e o "VJ por um dia" na MTV. Na globo, após uma longa estadia na geladeira, apresentou o "Sociedade Anônima" e o "TV Megafone", no "Fantástico". Declarou recentemente: " - Quero é sair daqui." Atualmente vende cachorro-quente na porta na MTV.
05. Maria Paula - É praticamente um produto das organizações tabajara. Não funcionou como VJ. Hoje dá um show de bola no Casseta & Planeta.
06. Astrid Fontenelle - Começou ao lado do Serginho Groisman no "TV Mix" na TV Gazeta. Na MTV, lavou, passou, cozinhou. Hoje está na Band, perdida em algum programa vespertino.
07. Soninha - Substituindo os "Sobrinhos do Ataíde" no comando do "Rock e Gol", Soninha foi até comentarista na ESPN Brasil. Apresenta atualmente, o programa "RG" na TV Cultura.
08. Zeca Camargo - "Oi, aqui é o Zeca Camargo e esse é o MTV no ar..." - assim o Zeca, com uma tiara na cabeça, sempre iniciava o MTV no ar. Na globo ficou no "Fantástico". Hoje está "No Limite".
09. Babi - Depois do "Erótica" na MTV, Babi comanda o já saturado "Programa Livre", no SBT.
10. Chris Couto - Fez "Vídeo-Show" e "Um anjo caiu do Céu".



O texto acima foi publicado originalmente em 17 de Novembro de 2001. E já que hoje a "music television" está completando treze anos no ar, serviu de pretexto para republicá-lo.
Dos vjs citados, apenas o Cazé voltou. A Cuca, a Maria Paula e a Astrid continuam na mesma: Disney Channel, Casseta & Planeta e perdida em algum programa da Band, respectivamente. A Soninha voltou para a ESPN Brasil e o Zeca para o Fantástico. A Sabrina comandará um programa de verão na Band e a Babi continua numa geladeira no SBT. Não sei do paradeiro da Chris Couto. O Gastão talvez tenha comprado o carrinho de cahorro-quente do Cazé.

segunda-feira, outubro 20, 2003

Duas coisas que eu odeio...
...e uma que eu adoro


Eu odeio aqueles atendentes de locadora de filmes:
- Já viu o novo do Tom Hanks?
- Eu não! E você, já tomou uma bifa na orelha?

Odeio pessoas que supervalorização sua orientação sexual:
- Heterossexual!? Nossa, você ainda vive na idade da pedra!! Não somos mais macacos!
- É! Sou um orgro mesmo!

Adoro torrar a paciência do meu filho:
- Aí, fedelhão!? Seu pirralho, molecão... olha só a barbinha do pirulinho do papai!
- Que merda!


Eu odeio caminhadas ecológicas:
- Ah, a natureza me arrebata, me deixa em estado de graça...
- A mim, causa diarréia!

Eu odeio excursões turísticas:
- Aqui, diante de nós, o deus bharú, símbolo sagrado há mais de 2000 anos!
- Só!?

Adoro ficar no meu canto, escutando Django Renhardt.

Eu odeio teóricos de quadrinhos:
- ...semioticamente falando...
Eu odeio pessoas que acham graça em tudo que eu falo:
- Eu ali, menino, vendo minha cadela querida, morrendo...
- Ah, ah, ah, ah, que sarro!!

Adoro ir sempre ao mesmo restaurante e pedir o mesmo prato.

Eu odeio gente que se acha acima de todas as coisas:
- Rock, rap...? Sinto, só ouço operas!
- Sexo, então, nem pensar!

Eu odeio aqueles que cultuam a sua própria inferioridade:
- Ora, quem sou eu para falar? Perto de você não sou nada!
- Certo, mas não lamba as minhas botas!

Adoro mentir sobre o que sou:
- Cartunista? E o que exatamente faz um cartunista?
- Cartunista é quem trabalha em fábricas de cartolina!


Por Angeli

Minhas principais influências não estão nos livros, nem nos discos, muito menos nos cinemas. Estão nas revistas do Pato Donald.

terça-feira, outubro 14, 2003



Olhai os livros na estante

Em pedra-sabão, uma dupla de leitores sentados à sombra de um ipê, lêem seus livros enquanto servem de suportes para outros livros: os contos de Edgar Allan Poe; a estranha metamorfose de Kafka; o vôo de Fernão Capelo, de Richard Bach; duas obras de Hemingway e o romance de Mário de Andrade: amar, verbo intransitivo.

Eles moram no topo da estante. Visão privilegiada. O ipê é imaginário. Antes moravam numa feira de artesanatos numa praça histórica de Ouro Preto.

Que livros estarão lendo? Será Tolstoi, Drummond, Camões, Guimarães Rosa, Maquiavel?

No segundo andar, a prateleira que abriga o diário de Anne Frank, abriga também o diário secreto de um adolescente, de Sue Townsend. Convivem lado-a-lado de P.E. Quim, Edith Pendleton, Guy Bechtel, Janusz Korczak, Alice Walker e dos brasileiros Guarnieri, José Louseiro, Jorge Amado, Flávio de Campos, Paulo Coelho, Loyola Brandão e Rubens Paiva.

O humor impera no primeiro pavimento. Os ilustres moradores são: Millôr, Stanislaw, Chico Caruso, Veríssimo, Jô Soares e Chico Anísio. Seus vizinhos equilibram o andar, com a seriedade de leitura obrigatória de Machado de Assis, Raul Pompéia, Visconde de Taunay, Gustave Flaubert, José de Alencar e Lima Barreto. E ainda, numa morada secreta, o pensamento vivo de Marx, Lennon e Raulzito.

No andar térreo, entre os robustos Larousse Cultural, Aurélio e Povos do Passado, as discussões filosóficas e teológicas com as confissões de Santo Agostinho, o dom supremo de Henry Drummond, a exegese de Uwe Wegner, a iniciação à filosofia de Joaquim Severino, o romance de Jostein Gaarder, o Torah e a Bíblia.
Espalhados pela cômoda, Rubem Fonseca, José Saramago, Nabokov, Lightman, Hornby e Fernando Pessoa.

Perdidos em empréstimos sem volta (creio eu), Kerouac, Mário Prata, Drummond, Clarice, Robert Musil, entre outros.

A princípio, alguns ficarão na estante. E outros porém serão transportados em caixas de papelão para outra moradia.

E intrigados estarão todos os livros perguntando uns aos outros: Quais serão os escolhidos?

domingo, outubro 12, 2003

Todas as garotas do ginásio

Linda de morrer - Ela só sai com caras três anos mais velhos. Se, por acaso, um dia ela falar com você, será para pedir alguma coisa.

Garota tipo velha - Ela leva tudo a sério, como se tivesse trinta e cinco anos. Ela quer que você a respeite e já gosta de conversar sobre relacionamentos. Aos trinta e cinco, ela vira a garota tipo insuportável.

Garota camarão - De costas, ela desperta a curiosidade de todos. Mas quando vira de frente, é feia que dói. É como o camarão, deve-se tirar a cabeça e aproveitar o resto.

Peitos - A peitos sempre estuda numa classe em que há outra com o mesmo nome. Para diferenciá-la, seu apelido vira "peitos". Exemplos mais comuns: Dani Peitos, Lu Peitos, Rê Peitos, Ana Peitos.

A chorona - Ela está sempre com o nariz vermelho e um lencinho na mão. Mas você nunca sabe se é porque brigou com o namorado ou está com rinite.

Garota tipo criança - Ela tem a cama infestada de bichinhos de pelúcia e sempre faz brincadeiras com voz de bebê. Por alguma razão sobrenatural, as notas dela são melhores que a sua.

Bagaceira - Ela está sempre quatro doses de fanta com vodca na sua frente.

Gordinha esquema - Sabe aquela que é meio gordinha, mas é esquema? Então. É ela mesma.

Garota tipo Barbie - Ela usa todos os cremes para pela da mãe e passa horas no cabeleireiro. À noite, depois de brincar escondida com suas bonecas, vai dormir sonhando com o príncipe encantado.

Garota tipo cabeça - É o completo oposto da garota tipo Barbie, e pode ser encontrada em várias versões. As mais comuns são:
1. cineclubista. - fã de Godard e escritores existencialistas.
2. engajada. - também conhecida como "garota tipo Heloisa Helena".

Garota tipo mano - Ela é torcedora fanática do corinthians, joga bola melhor que você e termina todas as frases com "mano". No dia em que vai de saia, todo mundo acha estranho.

A melhor de todas - Ela é a mais gostosa da classe, adora ler homem-aranha, odeia rapazes mais velhos e com carro e tem verdadeira tara por moleques cheios de espinhas. O único problema da melhor de todas é que ela não existe.

Por Caco Galhardo

sexta-feira, outubro 10, 2003



Diálogos imaginários

Segunda-feira de um dia qualquer, nove horas da manhã, estamos todos reunidos para mais uma reunião.
Diariamente o mesmo ritual: planejamento, concessões, metas, objetivos, breves comentários sobre política, economia e algumas banalidade do dia-a-dia.

- Vocês leram hoje no jornal que as reservas permitem dispensar o FMI ?
- Não. Não li. Mas li que os Strokes revelam segredos do novo disco.
- Se não houver acordo com o FMI no próximo ano, o país chegará em 2007 com as reservas internacionais suficientes para honrar toda a dívida com o Fundo.
- É mesmo. Que interessante. Mais interessante ainda é o quadrinho dos Pescoçudos. Vocês leram ? Há há há. Está hilário. O Caco Galhardo está se superando.
- ... No artigo do "Paulo Tenani", ele diz que a CPMF é a causa eficiente da elevação da divida pública e da redução do crescimento econômico brasileiro.
- E por falar nisso, a revista Jovem Pan entrevistou o Giuliano Manfredini, filho do Renato Russo, e ele diz ser fã do Iron Maiden, do Linkin Park e do Limp Bizkit.
- Ouvi hoje na CBN, que se depender de José Dirceu, seu colega Cristovam Buarque, da Educação, é candidato à fila dos desempregados.
- Ah, eu estava ouvindo o CD "Para Quando o Arco-Íris Encontrar o Pote de Ouro", do Nando Reis.
- Bom, boa semana para todos. A propósito, sexta-feira teremos palestra com Roberto Shinyashiki. Quem ficou responsável em adquirir os convites?
- Roberto Shinyashiki ? Não era para comprar ingressos para o show dos Los Hermanos?

Delírios urbanos de quem trocou de agência. De publicitária para bancária.

quarta-feira, outubro 08, 2003

Teriam os ponteiros esquecido do tempo?

"Corre o fim da primavera e o início do verão de 1905. Em Berna, cidade suíça à sombra dos Alpes, pacata e sistemática como um relógio, vive um jovem de 26 anos chamado Albert Einstein. Esse pequeno funcionário do Escritório Suíço de Patentes vem tendo sonhos perturbadores, todos eles ligados aos mistérios do tempo e do espaço. Num deles, por exemplo, o tempo transcorre todo num único dia - nascimento, vida e morte. Noutro, não existe futuro, a vida reduzindo-se à fixidez das estátuas. Noutro, ainda, o tempo ganha três dimensões, como o espaço, e faz com que as pessoas vivam três versões diferentes e simultâneas de suas vidas".
(Sonhos de Einstein, de Alan Lightman)

Nunca gostei de relógios. Não uso relógio de pulso. Há tempos não coloco pilhas num relógio em formato de CD, na cabeceira da minha cama. Mas por onde quer que eu ande, as horas o denunciam: o tempo não pára.

Queria poder parar o tempo. E muitas vezes quando criança, imaginava ter esse poder: de parar o tempo. Imaginava todas as pessoas imóveis, feitos estátuas, os ponteiros dos relógios inertes. E durante esse tempo, ou a ausência dele, poder fazer tudo o que quisesse ou pudesse. Seria minha carta de alforria.

Somos todos escravos do tempo: hora para acordar, dormir, comer, trabalhar, estudar, divertir... e eu que nunca fui pontual, sou considerado transgressor do tempo.

Quantas e quantas vezes cheguei atrasado no trabalho, na faculdade, num encontro qualquer. Sim, eu confesso, não tenho uma pontualidade britânica, não possuo nada dos britânicos, a não ser alguns cds de bandas britânicas, como Beatles, Rolling Stones, Sex Pistols, Radiohead e o Oasis (que estou começando a gostar).

Já cheguei atrasado quase uma hora num encontro. Me atrasei alguns minutos num concurso, em que o porteiro da faculdade gritava: "- Corre Brasil!" Me atrasei meia hora numa importante entrevista. Mas mesmo com toda essa minha insensatez, me dei bem nesses três episódios: fiquei com a garota, passei no concurso e ganhei a vaga.

Mas nem sempre pode-se parar o tempo (pelo menos o tempo real). Pudesse eu vestir uma camiseta com a palavra "pause" estampada, e subir no telhado por algum tempo.

"Há um lugar em que o tempo fica parado. Pingos de chuva permanecem inertes no ar. Pêndulos de relógios estacionam no meio de seu ciclo. Cães empinam seus focinhos em uivos silenciosos. Pedestres estão congelados em ruas poeirentas, suas pernas erguidas como se amarradas por cordas. Os aromas de tâmaras, mangas, coentro, cominho estão suspensos no ar".


P.S. "Sonhos de Einstein", de Alan Lightman, é o meu livro de cabeceira n° 2.
Meu livro de cabeceira n° 1 é aquele que eu ainda não li.

domingo, outubro 05, 2003



Pra lá desse quintal...

Da janela do meu quarto vejo o "Manoel de Nóbrega", colégio em que estudei todo o ensino fundamental. Foi ali, naquele colégio, que aconteceu a minha admissão na sociedade moderna. Até então, estava acostumado com o meu mundo inatingível de infinitas horas de brincadeiras nos quintais. E de repente, de um dia para o outro, me vi ali confinado em fileiras, tendo que conviver com pessoas de mesma faixa etária, sendo obrigado a seguir rituais estranhos, como cantar o hino nacional, usar uniformes, rabiscar códigos esquisitos em cadernos de brochura, obedecer sirenes.

"O meu primeiro dia na escola, como eu senti vontade de ir embora, fazia tudo que eles quisessem, acreditava em tudo que eles me dissessem..."

Mas também foi ali, naquele confinamento, que recebi o meu primeiro beijo. E não longe dali, no portão de entrada para ser mais exato, recebi minha primeira porrada.
Sempre que volto lá, em épocas de dever cívico, olho atentamente todo o trajeto que faço, e me imagino criança novamente, correndo no pátio nos intervalos, pulando o muro ao lado da quadra quando tínhamos aulas com professores substitutos.

Me lembro das festas juninas, dos bailes nas salas de aula, dos trabalhos na biblioteca, dos encontros atrás da cantina.

Lembro-me de alguns nomes, de alguns rostos e de algumas cenas. Como por exemplo de Célia, a primeira garota por quem me apaixonei. Ela tinha uns doze anos e namorava um "brutamontes" de catorze.
Que chances teria um garoto de onze anos? A chance de expor sua veia poética, com cartas de amor abarrotadas de poesia nonsense. Um beijo e uma porrada na mesma semana, em proporções inesquecíveis.

"Os garotos da escola só a fim de jogar bola, e eu queria ir tocar guitarra na tevê..."

Um dia marquei um encontro com a Sueli, a burguesa, no intervalo. Arquitetei diversas vezes as frases que iríamos falar, o beijo que iríamos dar. No mesmo dia, um amigo também marcou um encontro com a garota. "Eu não sabia que você havia marcado um encontro com ela." - desculpava-se meu amigo. "Eu também não sabia, se soubesse teria deixado o caminho livre."
Esse excesso de amizade e gentileza, fez com que os dois não ficassem com a garota. Mas amizade e amor não andam de mãos dadas, essa cena nos perseguiu durante todo o ginásio, com outras garotas. E fomos obrigados a nos transformarmos em oponentes.

Depois de todo esse tempo, o estranho é que apesar de ter concluído o ensino médio e superior em outras instituições, é o "Manoel de Nóbrega" que serve de cenário nos sonhos noturnos que tenho, todas as vezes que sonho estudando.

Mas hoje o "Manoel de Nóbrega" me parece mais distante. Estou de mudanças. Me mudarei de quarto, de casa, de vida, de estado civil.

O "Manoel de Nóbrega" permanecerá ali através da janela. De uma janela que não voltarei mais a observar. E permanecerá também nos meus sonhos. Os mais remotos...

sábado, setembro 27, 2003



As 10 melhores bandas do mundo

Há dois anos, a revista Time incluiu na edição de setembro daquele ano, a banda mineira Pato Fu entre as 10 melhores bandas do mundo.
O álbum "Televisão de Cachorro" foi apontado na época, como o melhor do grupo.
O som da banda foi caracterizado como pop rock carregado de som eletrônico.

Eis a lista completa:

01. Radiohead, BRITAIN
02. U2, IRELAND
03. Aterciopelados, COLOMBIA
04. Brilliant Green, JAPAN
05. Sigur Ros, ICELAND
06. Portishead, BRITAIN
07. Tarika, MADAGASCAR
08. Pato Fu, BRAZIL
09. Ziggy Marley and the Melody Makers, JAMAICA
10. Orishas, CUBA

quinta-feira, setembro 25, 2003

Disneylândia
(Titãs)

Filho de imigrantes russos casado na Argentina com uma pintora judia, casou-se pela segunda vez com uma princesa africana no México.
Música hindú contrabandiada por ciganos poloneses faz sucesso no interior da Bolívia.

Zebras africanas e cangurus australianos no zoológico de Londres.
Múmias egípcias e artefatos íncas no museu de Nova York.
Lanternas japonesas e chicletes americanos nos bazares coreanos de São Paulo.

Imagens de um vulcão nas Filipinas passam na rede dc televisão em Moçambique.
Armênios naturalizados no Chile procuram familiares na Etiópia,
Casas pré-fabricadas canadenses feitas com madeira colombiana, Multinacionais

japonesas instalam empresas em Hong-Kong e produzem com matéria prima brasileira para competir no mercado americano.
Literatura grega adaptada para crianças chinesas da comunidade européia.

Relógios suiços falsificados no Paraguay vendidos por camelôs no bairro mexicano de Los Angeles.
Turista francesa fotografada semi-nua com o namorado árabe na baixada fluminense.
Filmes italianos dublados em inglês com legendas em espanhol nos cinemas da Turquia.

Pilhas americanas alimentam eletrodomésticos ingleses na Nova Guiné.
Gasolina árabe alimenta automóveis americanos na África do Sul.
Pizza italiana alimenta italianos na Itália.

Crianças iraquianas fugidas da guerra não obtém visto no consulado americano do Egito para entrarem na Disneylândia.

da série: as clássicas canções sem refrões que não tocaram no rádio, da maior banda de todos os tempos da última semana, do obscuro álbum Titanomaquia

sexta-feira, setembro 12, 2003

Todo crítico é um músico frustado...

Aqui uma lista de bandas de críticos:
.:: Akira S e as garotas que erraram (Alex Antunes)
.:: Chance (José Agusto Lemos)
.:: Crime (Rogério de Campos)
.:: Maria Angélica não mora mais aqui (Fernando Naporano)
.:: Fellini (Thomas Pappon)
.:: Athualpa Y Us Panqui (Carlos Eduardo Miranda)

Nota: Não só foram as garotas que erraram. Mas todos merecem uma chance. Apesar de concordar que realmente o crime não compensa.

domingo, setembro 07, 2003



A banda mais cultuada e odiada do Brasil

Legião Urbana, já foi uma das camisetas que um dia usei. Essa é a camiseta do álbum quatro estações, lançado em meados de 1989.

Um ano depois, entrei em território inimigo (Palmeiras) para assistir aquele que seria um dos shows mais memoráveis da Legião.

Mais a Legião era uma legião de um homem só. Renato, o poeta do pop, soube como ninguém retratar a solidão em suas canções. Ele era a alma e o corpo da banda, onde os demais integrantes eram meros coadjuvantes.

sexta-feira, agosto 29, 2003



Embalagens e coleções

Antigamente quando algum produto oferecia algum brinde, bastava juntar uma certa quantidade da embalagem e trocá-la. Hoje, além da embalagem, é preciso juntar também uma certa quantia em dinheiro. Ou seja, uma mera compra disfarçada.
Lembro-me das promoções da Coca-Cola. Era só juntar algumas tampinhas e trocá-las por brindes. Como por exemplo: aquelas garrafinhas em miniatura, que ainda guardo na estante.
E certa vez consegui achar uma tampinha premiada: Vale uma entrada grátis no Playcenter.

Houve também uma época em que eu e meus irmãos colecionavam embalagens de cigarros. Não haviam prêmios. Era só pelo simples fato de colecionar. Creio que com a nova campanha anti-fumo estampada nas embalagens de cigarros, e a nova era do politicamente correto, esse tipo de coleção perdeu seu encanto.

Eu e meus irmãos, em época de eleição, também colecionávamos santinhos de políticos. Vejam só como uma mente inocente, pode ter tão pouca noção do perigo.
Colecionei também embalagens do Tang. Fiz parte do Clube do Tang.

Caixas de fósforos e embalagens de Yakult só faziam parte da coleção para algum projeto na escola.
Haviam também as coleções relâmpagos de veraneio: conchas do mar e palitos de sorvete.

Se analisarmos, nunca deixamos de colecionar. Inicia-se com a figurinha, depois passa para o cd, livro, relacionamento, amigos, programas. Vamos colecionando, selecionando a vida toda, até um dia acharmos a figurinha premiada.

quarta-feira, agosto 27, 2003



9ª edição Video Music Brasil 2003
MTV Brasil

Audiência

Pop: Skank - Dois Rios
Rock: Charlie Brown Jr - Só por uma noite
MPB: Gilberto Gil - Three Little Birds
Rap: Marcelo D2 - Qual é
Eletrônica: Fernanda Porto e DJ Patife - Sambassim
Banda/artista revelação: Detonautas Roque Clube - Quando o sol se for
Independente: Ratos de Porão - Próximo Alvo
Audiência: Charlie Brown Jr - Papo Reto
Internacional: Linkin Park - Somewhere I belong

Júri Oficial

Edição: Pato Fu
Fotografia: Sepultura
Direção de arte: Gilberto Gil
Direção: Marcelo D2
Videoclipe do ano: Marcelo D2
Melhor website: Nando Reis

quarta-feira, agosto 20, 2003

Tô vendo uma esperança

 

Na camiseta estava escrito em vermelho: Tô vendo uma esperança. No centro um desenho: a Graúna. E embaixo do desenho: Lula Presidente

O desenho do Henfil, um pássaro preto, personagem que povoava o alto da caatinga, junto com os personagens Capitão Zeferino e o bode sábio Francisco Orelana, foi marca da campanha eleitoral de 1989, quando Lula perdeu para Fernando Collor, por um pequeno percentual de votos. 

Dia primeiro de janeiro de 2003, a Graúna levantou o seu mais alto vôo: da caatinga ao Planalto Central, como na canção Blackbird, de Lennon e McCartney.

sexta-feira, agosto 15, 2003

Retalhos n° 3

[+] Entre o céu e o inferno, há sempre uma sala de espera.
[+] Às vezes eles voltam.
[+] Se eu fosse um blog, eu queria ser esse.
[+] Descobri um texto meu: "Aqui Jaz Kenny...", publicado em 12/04/2002 no já extinto Coca Gelada pelo Fellipe Rodrigues.
[+] Só agora percebi um comentário que fizeram em agosto, num post antigo publicado em janeiro: "estou a procura também de uma melissa possession branca!!!!! vc já encontrou???? Tá muito difícil achar!!!!!!! Aguardo o seu retorno. Abraços.". O post em questão é da autoria da gisabeavis. Talvez ela tenha encontrado.
[+] Através desse site, descobri que no dia em que nasci, as músicas que estavam no topo das paradas americanas e inglesas, eram: "Love Theme from Romeo and Juliet" by Henry Mancini e "Something In The Air" by Thunderclap Newman, respectivamente.

domingo, agosto 10, 2003

Como diria o Millôr

A maior parte dos textos espalhados neste blog, não tem qualquer pretensão. Uma meia dúzia tem alguma pretensão. Dois ou três são extremamente pretensiosos.

sábado, agosto 02, 2003

Quais são as palavras que nunca são ditas?

O dicionário Aurélio tem 2.160 páginas, 160 mil palavras, e pesa 3 quilos! O Dicionário Houaiss tem 228.500 verbetes em 3.008 páginas, e mais de 380 mil definições (acepções).

No Brasil, os filólogos estimam que o vocabulário básico reúna cerca de 3.000 termos, mas, quem tem um nível de vocabulário considerado médio utiliza-se de 800 a 1.400 palavras. Já os mais cultos conseguem expressar-se com até 15 mil palavras.

Eis aqui um palavrão: pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico. É a maior palavra da língua portuguesa. Ela descreve o estado de quem tem uma doença rara provocada pela aspiração de cinzas vulcânicas.

Tantas palavras e elas somem na hora que você mais precisa...

terça-feira, julho 29, 2003



ano dois

E hoje está fazendo dois anos que comecei a blogar.

Feito um náufrago, encontrei um barco.
Navegando a esmo, encontrei uma ilha.
Vou deixar meu barco ancorado no cais
e ancorar na ilha, ecos do caos...


O verso acima foi "ancorado" no Ilha Blog.
E por enquanto continuo navegando (a esmo) por estas bandas de cá.

desembucha: julho/2001 a setembro/2001
Ilha Blog: setembro/2001 a junho/2002
blogger: a partir de novembro/2001

segunda-feira, julho 28, 2003



O disco que mudou sua vida

The Ramones, The Ramones

Foi o primeiro disco dos Ramones, por causa da calça rasgada que o Joey usa na foto da capa. Aquela calça rasgada mudou a minha vida. Rasguei as minhas também, virei punk, minha mãe falou um monte. Isso aconteceu em 1978, quando eu estava na sexta série do primeiro grau. Eu estudava num colégio de padres e um amigo chamado Marcos Antônio Metidieri, me chamou para ir até a casa do primo dele para dar uma olhada no disco. E deu no que deu até hoje. Na minha escola havia poucos roqueiros, uns grandões, da oitava série. Os Ramones foram uma das bandas punks que não tiveram disco lançado por aqui na época, diferentemente de Clash, Vibrators e Sex Pistols. Então, era muito caro arrumar um vinil dos caras. Troquei minha coleção completa do Kiss, até o "Alive II", mais uns do Led Zeppelin, pelos primeiros dos Ramones.
João Gordo (Ratos de Porão)

Weezer, Weezer

Sem dúvida, o primeiro álbum do Weezer, porque foi a primeira vez que vi uma banda juntando muito bem som pesado, melodia bonita e um discurso anti-herói. Logo que saiu, achei o disco numa promoção por R$ 5,99. Nem conhecia a banda. Comprei mesmo por causa da capa. Faço muito isso: comprar pela capa. Principalmente porque no Rio não se pode ouvir o CD antes, como em São Paulo, por exemplo. Então, às vezes eu tinha sorte, outras vezes, não. No caso do Weezer, acertei direitinho. Acho que nunca vou me cansar dele, pois, até hoje, tenho uma visão diferente cada vez que o escuto.
Marcelo Camelo (Los Hermanos)

The Head On The Door, The Cure

Eu tinha 14 anos quando ouvi "The Head On The Door" e fiquei com vontade de tirar todas as músicas no violão. Consegui porque era fácil de tirar e essa era uma das coisas que eu mais gostava do Cure. Até hoje, sei cantar todas as músicas. Tinha muitas canções fofinhas, mas a que eu mais gostava era "A Night Like This", que deve ser a mais básica do disco e trazia um pouquinho do lado melancólico do Cure. Dois anos depois, quando confirmaram a vinda deles para um show em Belo Horizonte, fiquei emocionadíssima. Eu não era gótica. Na verdade, fazia parte de uma turminha que não era muito de festa e se preocupava com o mundo. Éramos contra clichês e o Robert Smith demonstrava coragem no modo de se vestir e de se expressar, aquela coisa de ser você mesmo. Como Robert, não há outro. The Cure tem a forma perfeita para fazer música.
Fernanda Takai (Pato Fu)

Publicado da revista ShowBizz - edição 178

domingo, julho 27, 2003



Que disco mudou sua vida?

Remexendo velhas revistas, me deparei com uma edição da "ShowBizz" (maio de 2000) com a matéria de capa: "Que disco mudou sua vida?"
Revirei meus trapos coloridos, para tentar descobrir qual disco poderia ter sido tão importante assim, a ponto de ter mudado a minha vida.

Voltei para o ano de 1986, quando eu era aprendiz do Senai. Na época fazia um curso de ajustador mecânico e recebia uma espécie de bolsa-auxilio de uma grande multinacional.

O rock nacional vivia o seu apogeu, e eu estava me tornando um voraz consumidor de discos, adquiridos com os poucos trocados recebidos da empresa.

Mas em 1986, muita coisa aconteceu: o cometa Halley que não veio, a copa no México e o título para a Argentina, o plano cruzado do Sarney, o filme "Curtindo a Vida Adoidado", e uma avalanche de discos bons de rock brasileiro.

Nesse mesmo ano, o Ira! lançou seu segundo LP: "Vivendo e Não Aprendendo", e esse é um disco que escutei sem parar (sei todas as letras). A Legião Urbana também lançou seu segundo álbum: "Dois", o disco que mais curti da banda. Os Titãs com seu "Cabeça Dinossauro" também faz seu melhor disco. E tantas outras bandas que eu já comentei por aqui, prestigiaram aquele ano com bons discos.

Mas como catalogar aquele disco que poderia ter mudado minha vida? E me lembrei dos discos que havia ganhado de "herança" dos meus irmãos mais velhos.

E naquele ano, eu ganhei um disco que foi lançado em 1976: "Há 10 Mil Anos Atrás", do Raul Seixas. Na capa, Raulzito encarna um ancião com pinta de Gandalf de "O Senhor dos Anéis" ou Alvo Dumbledore de "Harry Potter".

As músicas? - Canto Para a Minha Morte, Meu Amigo Pedro, Quando Você Crescer, Eu Também Vou Reclamar, As Minas do Rei Salomão, Eu Nasci Há 10 Mil Anos Atrás, entre outras.

Um disco que se não mudou a minha vida, mudou pelo menos minha adolescência.
Mas afinal o que não muda nessa fase?

quinta-feira, julho 24, 2003

Um pouco antes de encerrar suas atividades, Deanna publicou em seu blog um poema do Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa. E esse é um dos melhores poemas dele. Na verdade só perde para Todas as Cartas de Amor são Ridículas, que é o meu favorito.
E como ela encaixotou de vez seu blog, e eu não tive oportunidade de escrever que sinto falta dos seus escritos, esse é um post homenagem...


Poema em Linha Reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo.

Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;

Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;

Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?

Ó principes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

domingo, julho 13, 2003

Responda com nomes de músicas de uma banda

(mais um questionário que encontrei no Inagaki)

Pato Fu
1. Você é homem ou mulher? Eu
2. Como você descreveria sua pessoa? A Volta do Boêmio
3. Como as pessoas o definem? Eu Sei
4. Como você se define? Ando Meio Desligado
5. Descreva sua namorada: Ruído Rosa
6. Onde você gostaria de estar? Tchau Tô Indo Já Fui
7. O que você gostaria de ser? Canção Pra Você Viver Mais
8. Descreva sua forma de viver: Vivo Num Morro
9. Descreva sua forma de amar: O Amor em Carne e Osso
10. Divida conosco algumas palavras de sabedoria: O Mundo Não Mudou

Los Hermanos
1. Você é homem ou mulher? Cara Estranho
2. Como você descreveria sua pessoa? Além Do Que Se Vê
3. Como as pessoas o definem? Quem Sabe
4. Como você se define? Sentimental
5. Descreva sua namorada: Veja bem meu bem
6. Onde você gostaria de estar? Casa Pré-Fabricada
7. O que você gostaria de ser? Mais uma Canção
8. Descreva sua forma de viver: De Onde Vem a Calma
9. Descreva sua forma de amar: Último Romance
10. Divida conosco algumas palavras de sabedoria: Todo Carnaval tem seu fim

O Rappa
1. Você é homem ou mulher? O Homem Amarelo
2. Como você descreveria sua pessoa? Eu Quero Ver Gol
3. Como as pessoas o definem? Cristo e Oxalá
4. Como você se define? Pescador de Ilusões
5. Descreva sua namorada: Fogo Cruzado
6. Onde você gostaria de estar? Minha Alma (A Paz Que Eu Não Quero)
7. O que você gostaria de ser? Lado b Lado a
8. Descreva sua forma de viver: Eu Não Sei Mentir Direito
9. Descreva sua forma de amar: Coincidências e Paixões
10. Divida conosco algumas palavras de sabedoria: Ninguém Regula a América

quinta-feira, julho 10, 2003

Faz tempo, faz muito tempo...

Faz tempo que não uso meus óculos.
Faz tempo que não envio cartões de natal.
Faz tempo que não como comida sem sal.
Faz tempo que não jogo videogame.
Faz tempo que não uso relógio de pulso.
Faz tempo que não mudo o meu percurso.
Faz tempo que não troco de perfume.
Faz tempo que não coloco um long play no meu som.

Faz tempo que não como um bombom.
Faz tempo que não assisto um filme do Charlie Chaplin.
Faz tempo que não leio um gibi.
Faz tempo que não me pergunto: "O que é que estou fazendo aqui?"
Faz tempo que não choro (e dizem que chorar faz bem).
Faz tempo que não viajo de trem.
Faz tempo que não assisto um desenho animado.
Faz tempo que não chove na minha horta.

Faz tempo que ninguém bate na minha porta.
Faz tempo que não volto para casa
Faz tempo que não tomo remédio.
Faz tempo que não reclamo do tédio.
Faz tempo que não tomo um banho de cachoeira.
Faz tempo que não toco violão.
Faz tempo que não invento uma canção.
Faz tempo que não fumo um cigarro.

Faz tempo que não uso um boné.
Faz tempo que não ando a pé.
Faz tempo que não assisto um filme de terror.
Faz tempo que não rego uma planta.
Faz tempo que não ouço um mantra.
Faz tempo que não vou ao estádio de futebol.
Faz tempo que não uso uma máquina de escrever.
Faz tempo que não deixo a barba crescer.

Faz tempo que não fico de porre.
Faz tempo que esse blog não morre.

quarta-feira, julho 02, 2003

uma lista de cancerianos do pop/rock internacional

01. Bon Scott, primeiro vocalista do AC/DC,
02. Fred Schneider, vocalista do The B-52’S,
03. Peter Murphy, vocalista do Bauhaus,
04. Ringo Starr, baterista do The Beatles,
05. Geezer Butler, baixista do Black Sabbath,
06. Ian Curtis, vocalista e guitarrista do Joy Division,
07. Eric Carr, baterista do Kiss,
08. Ed Kowalczyk, vocalista do Live,
09. Colin Hay, vocalista e guitarrista do Men At Work,
10. Stewart Copeland, baterista do The Police,
11. Brian May, guitarrista do Queen,
12. Marky Ramone, baterista do Ramones,
13. Jack Irons, primeiro baterista do Red Hot Chili Peppers,
14. Michael Monarch, guitarrista do Steppenwolf,
15. Mark Hart, vocalista e tecladista do Supertramp.

domingo, junho 29, 2003



Hoje só consegui conversar comigo mesmo e não cheguei a um acordo

A frase-título do Touché, hoje me caiu como uma luva, há alguns meses recebi um e-mail na caixa postal do meu provedor, de um "suposto" e-mail meu, do Bol. E eu não sou do tipo que envia e-mails para mim mesmo.

Agora, recebi novamente um e-mail, desta vez na minha caixa postal do Bol, tendo como origem meu próprio e-mail do Bol.

É mais um daqueles e-mails "ensinando" como ficar rico sem fazer muito esforço.

O interessante é o título: "Indicação de um amigo". Será que esse amigo também sou eu?

sexta-feira, junho 27, 2003

Caixas do porão
Objetos que não uso (e que não empresto, não vendo, não troco e não dôo)

1. uma velha máquina de escrever Olivetti.
2. um toca-discos.
3. uma caixa repleta de long-play.
4. um relógio de pulso Condor (odeio relógios).
5. um violão Di-Giorgio Clássico 38.
6. diversas edições de revistas que já estão fora de circulação (Bizz, 89 Revista Rock, Revista da Web, TV Série...)
7. óculos para tardes de miopia.

quinta-feira, junho 26, 2003



Lixo vitual

Em resposta aos últimos e-mails que recebi, devo informar que não preciso dos produtos ali indicados.

quarta-feira, junho 25, 2003



Top 10 músicas para top 10 momentos

(Post remixado do Pensar Enlouquece, que por sua vez, foi sampleado do tudo vai ser diferente)

01. Primeira música que tocou quando a vitrola chegou em casa, deixando-me maravilhado com a novidade: meus irmãos mais velhos ouviam Queen, Abba, Carpenters, Bee Gees, Beatles, Rolling Stones. E uma música que era trilha sonora das tardes de sábado aqui em casa era: Please Mr. Postman com The Carpenters.

02. Música que rolava quando dei meu primeiro beijo: Não houve música no meu primeiro beijo. Mas uma música que tocava muito na época era: Você não soube me amar com a Blitz.

03. Primeira música que me fez chorar: Nunca chorei com música. Mas se preciso fosse, seria com qualquer uma da Billie Holiday.

04. Música que me faz dançar e cantar ao mesmo tempo: Its The End Of The World As We Know It (And I Feel Fine) com o R.E.M.

05. Música para ouvir dirigindo a 150km por hora, numa estrada sem pedágios, radar e, ilusoriamente, sem fim: As curvas da estrada da Santos com Roberto Carlos.

06. Como se esgoelar no karaokê, fazendo caras e bocas: Era um garoto que como eu dos Incríveis.

07. Música que eu ouvi e cantei bêbado, vestido a rigor, sem sapatos, rodeado por amigos igualmente bêbados, durante o baile de minha formatura: We are the champions com Queen.

08.Trilha sonora para começar uma noite caliente: I Can't Stop Loving You com Ray Charles.

09. Música para ouvir escrevendo: Qualquer uma do Lou Reed.

10. Música para cantar tomando banho: Banho de lua com Cely Campelo.

segunda-feira, junho 16, 2003



Para se ouvir de janela aberta

Ventura, s.f. Sorte, fortuna (boa ou má); destino; acaso; boa sorte, boa fortuna; dita; felicidade; risco; perigo; à ventura (loc. Adv.); ao acaso; à toa. (Do lat. Ventura)

Tá bom. Do sétimo andar, ouço uma conversa de botas batidas. No apartamento daquele cara estranho, uma música ao fundo, um samba a dois.

Do lado de dentro, sente-se "o vencedor". Vive o último romance com a outra: um par.
Mas, além do que se vê, ele é ao mesmo tempo o velho e o moço.

Deixa o verão e o pouco que sobrou do antigo, e entra no outono, de onde vem a calma das tardes de colheitas.

domingo, junho 15, 2003



A morte da Anna Júlia

Quisera o destino, que mesmo tendo Aline e Bárbara, Anna Júlia fosse sua mais famosa criação.
Cantada pelos quatro cantos, do acordeão do nordeste ao beatle George Harrison, Anna foi amada e odiada.

Distribuída entre cds promocionais de revistas, em cd-rom com videoclip, entoada em festas, Karaokês, assobiada, executada maciçamente em rádio e televisão.

Anna foi a Colombina. Mas desta vez, não foi a Colombina que trocou o Pierrot pelo Arlequim. Foi o Pierrot que deixou a Colombina.

E deixou o carnaval para desfilar no seu próprio bloco: do eu sozinho.
E agora lança ao mar sua ventura.

Os aparelhos foram desligados. E Anna Júlia agoniza, morrendo lentamente, numa caixinha empoeirada em cima da estante.

Rodrigo Barba usa pratos Orion.
E todos usam barba.

sexta-feira, junho 13, 2003

Virunduns - troque de biquíni sem parar

Virundum: o palhaço Rita Lee

Durante anos cantava um verso da música "jardins da Babilônia" da Rita Lee e do Lee Marcucci, da seguinte forma:

"...Mas pegar fogo nunca foi atração de circo
Mas de qualquer maneira
Pode ser um caloroso espetáculo, então
O palhaço Rita Lee, o povo chora daqui, e o show não pára
E apesar dos pesares do mundo
Vou segurar esta barra
"

E eu não entendia porque a Rita cantava "o palhaço", ao invés de "a palhaça".
Só descobri a palhaçada com o advento do video-kê.

quinta-feira, junho 12, 2003



Benditos sejam os beijos

[.:] Ousado e chocante para a sua época, o antológico beijo na praia em "A um Passo da Eternidade" é um dos momentos clássicos da história do cinema.

[.:] No princípio, os dois se odiavam - ou fingiam se odiar, para esconder seus verdadeiros sentimentos em "E o Vento Levou".

[.:] O beijo da inocência, do proibido, do amor mais puro que já brotou na literatura mundial em "Romeu e Julieta".

[.:] Amor é mais forte que a morte em "Ghost".

[.:] Todos os beijos de "Cinema Paradiso".

[.:] Uma aconchegante cantina, uma noite de lua, um fio de macarrão...em "A Dama e o Vagabundo".

[.:] "Beije-me como se fosse a última vez..." - uma cena imortal de "Casablanca".

[.:] Um beijo na teia do Aranha.

sábado, junho 07, 2003



A festa nunca termina

"24 Hour Party People é um filme a que você vai assistir já sabendo que o principal mocinho morre. E, pior que isso, tendo consciência de que ele não chega nem até o final da sessão. Ian Curtis, líder do Joy Division, deixa a história em 1980, mas o filme segue por mais uma década contando, de forma romanceada (com atores interpretando muitíssimo bem os músicos e umas poucas imagens documentais da época) a saga de algumas bandas, uma gravadora e uma casa noturna da cidade inglesa de Manchester." (B*Scene)

quarta-feira, junho 04, 2003

Minha vida é um livro aberto...
(...escrito em esperanto, para ninguém entender)

Um dos blogs que sempre visito é o multi-uso (idealizado pela Marina W. e pela Mariana Newlands). "O Multi-uso é um blog onde as pessoas podem falar das coisas que gostam e não gostam, onde cabe um pouco de cada coisa." - definem.

Uma idéia original da Bruna Paixão é o tema da vez do blog:

Quem escreveria a sua biografia?
Seria uma biografia não autorizada, daquelas que o autor mistura fatos reais com fictícios, tornando minha vida no livro, uma vida paralela ao mundo real. Trocando em miúdos, uma vida meio dólar, com valores oficiais e paralelos.
Pensei em diversos autores: Jorge Caldeira, Fernando Moraes, Ruy Castro - que já escreveram biografias. Mas, iriam comparar minha vida com a vida do Visconde de Mauá, do Assis Chateaubriand e do Garrincha, e isso não seria uma boa idéia. Uma coisa é comparar a minha vida com a vida do Zé da Esquina. Outra é comparar com "Personalidades do Século".
Também pensei no autor preferido da Madonna: Paulo Coelho. E minha vida seria transformada, em pedaços de sabedoria popular de almanaques.
E se os autores fossem Machado de Assis ou José de Alencar, minha biografia seria leitura obrigatória nas escolas.
E se fosse Jorge Amado? Não. Eu nunca estive na Bahia.
Bom, minha vida não é nenhuma comédia, mas não seria nada mau, se Luis Fernando Veríssimo a escrevesse.

Quem filmaria a sua vida?
Woody Allen? Ridley Scott? Spike Jonze? Quentin Tarantino? Giuseppe Tornatore? Não. Para uma vida "brazuca", um diretor "brazuca": Ugo Giorgetti.

Qual ator faria o seu papel?
Sean Penn? John Cusack? John Malkovich? Nicolas Cage? Não, o Selton Mello.



Que atriz faria par com você?
Cristina Pereira. Mas a Monica Bellucci faria uma ponta (nas cenas dos sonhos).

Quem comporia a trilha sonora?
André Abujamra.

Quem cantaria a sua música?
Os Mulheres Negras.

Em que cenários se passaria esse filme?
Num apartamento no centro velho de São Paulo.

terça-feira, junho 03, 2003

Michael Moore não é mais legal

Não se pode ser legal vinte e quatro horas por dia. Você faz "ene" coisas certas. "Faça a coisa certa" - disse seus pais, seus professores, seus chefes e o Spike Lee. Mas de repente um deslize (apenas um pequeno e inofensivo deslize) acaba com toda sua reputação.

quarta-feira, maio 28, 2003

10 coisas que você não deve fazer...

Depois dos 30 anos

01. Tatuagem. A não ser que você esteja preso. Há anos.
02. Escutar, sem cair na gargalhada, qualquer talento emergente da chamada "nova MPB".
03. Ler gibi da Mônica.
04. Ir para o Nepal abrir o terceiro olho.
05. Contar aos amigos que você pretende abrir o terceiro olho.
06. Acreditar que você é um hacker perigoso só porque consegue conectar o computador na tomada.
07. Ser adapto do PSTU e sair repetindo o slogan "Contra burguês, vote 16!"
08. Acampar. E cantar música do Legião Urbana no acampamento.
09. Aprender a dançar.
10. Pedir dinheiro à namorada para levá-la ao cinema.

(Por Edson Aran)

segunda-feira, maio 26, 2003

10 coisas que você não deve fazer...

Depois dos 20 anos

01. Ficar de mal do seu melhor amigo porque ele acha o Digimon melhor que o Pokémon.
02. Assistir peças de teatro com personagens chamados Esquilinho Esquisitinho e Ploft, o Fantasminha Flatulento.
03. Ler gibi da Luluzinha.
04. Preferir revistas de dinossauros a revistas com mulheres nuas.
05. Se trancar no banheiro e ameaçar cortar os pulsos porque levou um fora da namorada.
06. Se trancar no banheiro. Por qualquer motivo.
07. Se apaixonar por uma garota e não contar pra ela.
08. Colar na prova.
09. Aprender a beijar. Começar a aprender.
10. Pedir dinheiro ao seu pai para levar a namorada ao cinema.

"O tempo passa e existem coisas que, se você quiser manter o mínimo de dignidade, não devem ser feitas depois de uma certa idade".
(Por Edson Aran)

domingo, maio 25, 2003

Adivinhe quem vem para jantar

Acredito que a Globo deva ter algum contrato de exclusividade nas noites de domingo, com os atores canastrões Charles Bronson e Chuck Norris. Quando não é um, é outro que marca presença nos filmes programados para exibição no "Domingo Maior".

Nessa noite então, teremos uma overdose: os dois estarão presentes. Cada um protagonizando um filme.

Pior que isso? Só se tiver um filme com os dois atuando juntos.

sábado, maio 17, 2003

Objetos, livros e CDs que emprestei e que nunca me devolveram

"Ela sacou um Jack Kerouac da bolsa e disse que estava devolvendo uma parte da minha história. Seus grandes olhos verdes, inundados de lágrimas por lembranças de um passado triste e mal resolvido. Seus olhos penetravam meu silêncio, trazendo imagens disformes, inexplicáveis naquela noite sem poesia."

Inicio uma nova série, com o primeiro parágrafo "à deriva" de Leon em seu "Beijo Descalço".

Todos os objetos, livros, CDs e outras quinquilharias que um dia emprestei (mesmo os que eu não faria questão nenhuma em tê-los de volta), podem (quem sabe um dia) serem devolvidos como quem devolve a parte da história de alguém.

Em locadoras e bibliotecas, existem prazos para devoluções. Entre amigos, colegas e conhecidos, esses prazos nunca são obedecidos, ou nem sequer existem.

Tenho vontade de comprar dois exemplares de cada livro e CD favorito (precavendo que um exemplar emprestado pode nunca mais ser devolvido).



Comprei o CD dos "Sobrinhos do Ataíde", quando eles ainda participavam da programação da rádio 89 FM de São Paulo.

No CD, está registrado um pouco do humor que o trio destrinchava na "rádio-rock", com seus personagens inesquecíveis como: Peterson Foca, Zé e os Cara, Mano Wladimir, Seo Gilmar e Marquinho, Pinóculos, Wilber, Tuca Zazueira, Waleska Cristina, Irmãos Benson, entre outros.

Esse CD foi emprestado (sem minha permissão) pelo meu irmão para algum amigo dele, que na certa emprestou para outro amigo, que emprestou para outro amigo, e esse mundo é tão pequeno e dá tantas voltas, que qualquer dia, um amigo meu vai me emprestar o meu próprio CD.

Tudo bem, esse não é um CD da minha lista de favoritos. CDs são para ouvir música e não piada, e eu posso viver muito bem sem ele. Mas se você amigo(a) leitor(a), tiver em sua casa um CD dos "Sobrinhos do Ataíde" e não sabe de onde procedeu, pode ser o meu.

sábado, maio 03, 2003



Fragmentos

Há momentos que ficam registrados, mesmo que em fragmentos, e tempos depois ainda nos persegue, como algo que não pode ser esquecido.

Lembro-me de meu avô, voz imponente, olhos cansados, cabelos embranquecidos, sempre com um sorriso nos lábios, pronto para nos contar uma das suas tantas estórias.

Em seus últimos dias, já não possuía o mesmo vigor de antes. Encontrávamos na varanda ao entardecer. Seus olhos já não fitavam o horizonte a contemplá-lo. Talvez seus pensamentos já estivessem distantes, pressentindo pouco a pouco o fim da sua mais bela estória.

Mas não são suas estórias que hoje preenchem a minha lembrança. Quando lembro-me dele, recordo-me de um natal onde reunimos toda a família.

Naquele final de ano, meu avô ganhara uma tevê colorida, com uma novidade até então desconhecida: um controle remoto.

Quando reunimos todos na antiga sala do casarão, o velho patriarca sentado na cadeira que pertencera a seu pai, exibia orgulhoso em suas mãos a novidade tecnológica. O aparelhinho mágico, que mais tarde serviria de inspiração para seu novo apelido: Vovô Zap, o fez tornar naquele momento o centro das atenções. Ele tinha nas mãos, o controle da família novamente. Dependeria dele, o que os nossos olhos iriam observar a partir daquele instante. As nossas ações, estariam totalmente dependentes daquelas frágeis mãos que outrora detinha o poder. Por alguns instantes, estávamos à mercê das decisões que ele iria tomar.

Depois daquela noite, e de muitas que viriam, assistir tevê com o vovô, era uma estranha diversão. Pois na verdade, não era a tevê que assistíamos, ele não deixava em um único canal por mais de dois minutos. O que assistíamos era ele e seu semblante de satisfação.

segunda-feira, abril 28, 2003



O processo de aprendizagem da Dona Bete

Muitos se recordam da primeira professora, mas eu tenho poucas lembranças dela, nem sequer me recordo seu nome.
Dona Mercedes, personagem do Laerte, me fez lembrar de uma outra professora: Dona Bete.
A Dona Bete foi a professora do meu terceiro e quarto ano primário.
Não tinha como esquecê-la: loira dos cabelos longos, era mais temida do que a misteriosa "Loira do banheiro". Seus castigos eram lendários.

Desenvolvi minha habilidade pela matemática, depois de passar dias da minha infância escrevendo dezenas e dezenas de páginas com as tabuadas do sete, do oito e do nove. E ao entregar o trabalho (castigo) para a Dona Bete, contemplávamos seu sádico gesto de rasgar todas aquelas páginas na frente de todos e pedir para que jogássemos no lixo.

Lembro-me quando ela segurava nossos cabelos, como quem estava trocando a marcha de um carro.
Suas "reguadas" também eram mágicas. Depois de uma "reguada" na cabeça, passávamos a compreender todos os verbos.
Beliscões e puxões de orelha também faziam parte da sua aula. E melhoravam a nossa caligrafia.

Mas nada era tão terrível quanto o seu olhar congelante. Daqueles que nos fazem sofrer por antecipação, pois não sabíamos o que estava por vir.

Mas eu acho que a Dona Bete gostava de mim. Me escolhia para escrever no caderno, o nome de todos aqueles que estavam fazendo bagunça quando ela se ausentava da sala.
E eu nunca entendia porque os garotos me esperavam na saída, querendo me esfolar vivo. Talvez fosse inveja do carinho que a Dona Bete nutria por mim.

quinta-feira, abril 24, 2003



Inacabados

De todos os pecados capitais, a preguiça me persegue. Mas é uma perseguição lenta, que vai chegando devagar, sem pressa, e aos poucos vai tomando conta do ambiente.
Por culpa da indolência, deixei inacabados diversos projetos.

Um dia resolvi ser poeta. Essa decisão surgiu do nada, como todas as grandes decisões. Acordei naquele dia cheirando poesia. Tudo era motivo para inspiração. E decidi: vou parir poesia e sair pelas ruas declamando.
Durante toda a tarde que se seguia, as rimas e as palavras brotavam como mágica. Ao voltar para o meu leito, arrisquei inseri-las em papéis, para serem contempladas na posteridade.
Mas eu havia perdido a poesia. E na gaveta da cômoda do quarto, os papéis, como folhas ao vento, levaram o sonho de ser poeta para o esquecimento.

Resolvi dormir, pois os sonhos nos inspiram. Mas o sono anda lado-a-lado com a preguiça, e quando fui abatido pelo sono, ao invés de inspiração, apenas consegui descanso.
Quando acordei, o devaneio de ser poeta sofreu uma transformação: queria ser músico.
A música é a poesia entoada pelos anjos. Letra e música se misturam, para sincronizar corpo e alma na vibração do som. Resolvi aprender a tocar violino, violão, violoncelo. Compor, cantar, tocar.

Porém passado a euforia, foi embora toda cantoria. Foi me dando uma preguiça e o sono de novo me abateu.
E ao acordar novamente, o pôr do sol visto pela janela, apontava uma paisagem digna de uma pintura. Levantei depressa para contemplar. E numa súbita idéia, resolvi: serei pintor.
Pintaria quadros com paisagens, as mais belas que a natureza pudesse me mostrar. A alvorada, o anoitecer, a madrugada, as ladeiras, as lareiras, as cachoeiras, estariam todas registradas em pincéis e cores.
Enquanto pensava, o sol se pôs e a noite escondeu as cores do quadro. E novamente a lassidão bateu na minha porta.

Noutro dia resolvi ser escritor. E através da escrita, descrever todos os meus sonhos: o sonho de ser poeta, de ser músico, de ser pintor e até mesmo de ser escritor. Mas novamente a preguiça me abateu.

E assim como as poesias, as músicas e as pinturas inacabadas, esse texto teria um final diferente, não fosse o sono e a preguiça.

quarta-feira, abril 23, 2003



Caixinha de sugestões

Desde pequeno, nosso passeio de veraneio era no litoral paulista. Ficávamos uma semana hospedado numa colônia de férias, e íamos a praia logo ao amanhecer e algumas vezes no final da tarde.

Naqueles passeios éramos reis, tínhamos o mundo inteiro nas mãos, mesmo que esse mundo fosse limitado ao playgraund. Todo dia era domingo. E sorríamos como crianças em comerciais de hambúrgueres.

Mesmo com tanta alegria estampada no rosto, minha visão criteriosa germinava, e buscava no meio daquele paraíso, algo para ser mudado.

No saguão da colônia, havia uma caixinha de sugestões, onde os hóspedes depositavam os bilhetes com elogios, criticas e sugestões. E foi nessa caixinha, que vi a possibilidade de transpor todos os meus desejos, por mais absurdos que fossem, crente que seria prontamente atendido.

Estava enganado. Por anos depositei sugestões naquela caixinha, e não vi nenhuma ser aprovada.

Não me recordo de todas as minhas sugestões, mas se algumas delas fossem atendidas, a colônia teria que ser muito mais que um hotel cinco estrelas. Ou seja, na imaginação de uma criança, seria possível transformar areia em neve.

Cansado de ver os meus sonhos naufragarem, resolvi dar um basta naquilo. Prometi que nunca mais iria sugerir nada. Mas para isso deveria dar uma última sugestão. O golpe mortal. A sugestão derradeira. Aquela que iria tocar profundamente nas feridas dos administradores da Colônia.

Sugeri que se livrassem daquela caixinha de sugestões. Pois além de ocupar um espaço que poderia servir para algo mais útil, como um bebedouro por exemplo, eles não atendiam nenhuma sugestão.

Alguns anos mais tarde, já não dava tanta importância para a caixinha de sugestões. Já era adolescente e meus interesses eram outros. Tanto, que nem havia reparado que ela simplesmente já não existia.

Parado no canto do saguão, imóvel em gestos e pensamentos por alguns segundos, lembrei da caixinha de sugestões. Já não sabia se eu gostava tanto dela, pelo fato de gostar de escrever, ou pelo fato de querer ver algo mudado, por sugestão minha.

De qualquer forma, lá estava eu, com o sorriso novamente estampado no rosto. Finalmente, depois de anos, acataram uma sugestão minha. No lugar da caixinha de sugestões, um bebedouro.