segunda-feira, abril 28, 2003
O processo de aprendizagem da Dona Bete
Muitos se recordam da primeira professora, mas eu tenho poucas lembranças dela, nem sequer me recordo seu nome.
Dona Mercedes, personagem do Laerte, me fez lembrar de uma outra professora: Dona Bete.
A Dona Bete foi a professora do meu terceiro e quarto ano primário.
Não tinha como esquecê-la: loira dos cabelos longos, era mais temida do que a misteriosa "Loira do banheiro". Seus castigos eram lendários.
Desenvolvi minha habilidade pela matemática, depois de passar dias da minha infância escrevendo dezenas e dezenas de páginas com as tabuadas do sete, do oito e do nove. E ao entregar o trabalho (castigo) para a Dona Bete, contemplávamos seu sádico gesto de rasgar todas aquelas páginas na frente de todos e pedir para que jogássemos no lixo.
Lembro-me quando ela segurava nossos cabelos, como quem estava trocando a marcha de um carro.
Suas "reguadas" também eram mágicas. Depois de uma "reguada" na cabeça, passávamos a compreender todos os verbos.
Beliscões e puxões de orelha também faziam parte da sua aula. E melhoravam a nossa caligrafia.
Mas nada era tão terrível quanto o seu olhar congelante. Daqueles que nos fazem sofrer por antecipação, pois não sabíamos o que estava por vir.
Mas eu acho que a Dona Bete gostava de mim. Me escolhia para escrever no caderno, o nome de todos aqueles que estavam fazendo bagunça quando ela se ausentava da sala.
E eu nunca entendia porque os garotos me esperavam na saída, querendo me esfolar vivo. Talvez fosse inveja do carinho que a Dona Bete nutria por mim.