quinta-feira, abril 10, 2003
Os deuses devem estar loucos
Nos primórdios da história, houve muitos deuses locais. Cada deus mantinha um vínculo com um lugar sagrado e tiveram seu nome gravado no Monte Olimpo, para que nós, simples mortais, pudéssemos reverenciá-los.
Algumas datas para os deuses, possuíam poderes mágicos. E a magia estava para acontecer no sétimo centenário da corrida dos deuses, em Monte Largos.
Além da mística do sétimo centenário, havia a mística do final três. Diz a lenda, que em setenta e três, o deus Hermes Fittipaldi foi o grande vencedor da corrida. Hermes foi o inventor da lira e das corridas. Protegia os mercadores e viajantes. Seu símbolo era um caduceu alado.
Em oitenta e três, foi a vez do deus Ares Piquet vencer a corrida em Monte Largos. Ares era o deus da guerra. Amado por uns e odiado por outros, conquistou a Harpa Dourada por três vezes. Julgava-se superior aos demais, já que seu antecessor Hermes, havia conquistado duas Harpas. Seus símbolo eram uma lança e um escudo.
Em noventa e três, o deus Ayrton Zeus confirmou a mística do final três, vencendo a corrida daquele ano. Zeus era o sábio, governava os deuses do Olimpo, o deus dos deuses. Era o senhor das chuvas e dos trovões. Conquistou a Harpa Dourada por três vezes. Seu símbolo era a águia.
Dez anos depois, mais um ano com final três. Desta vez Posêidon Barrichello é o legítimo representante dos deuses locais. E nesta corrida com capítulo especial , o 700° Grande Prêmio da categoria, Posêidon largaria na pole position, feito que não acontecia em Monte Largos desde noventa e quatro, quando Zeus correu o antepenúltimo GP da sua imortalidade.
Mas nem Hesíodo Bueno, que narrava a história desses deuses do Monte Olimpo, poderia prever o que estaria por vir. A mística do final três, o sétimo centenário, a sétima pole de Posêidon (a primeira em Monte Largos), a primeira vez que estaria à frente de Michael Esculápio. Nada disso foi capaz de sustentar todos os mitos já escritos nos pergaminhos do Olimpo. Os deuses devem estar loucos - diziam o povo. Posêidon, deus dos mares, não sobreviveu a tempestade. Perdeu a batalha no exato momento em que conquistava a ponta da corrida.
Foi o fim de um mito.
Apesar dos homens já não acreditarem nos deuses, eles esperam que Posêidon tenha perdido apenas a batalha e não a guerra. E que um dia, se junte à galeria dos outros deuses.
Eu na verdade entendo tanto de Fórmula 1, quanto entendo de deuses gregos do Olimpo. Se quiserem uma opinião mais séria dessa corrida, aconselho uma vista ao Seiszora! Eu sou uma daquelas pessoas que assistiam F1 na época do Senna (o único deus dessa estória toda), e perdeu todo o interesse nesse esporte, quando descobriu que os deuses também morrem. Já estive em Monte Largos (quer dizer, Interlagos) e pasmem, prefiro assistir às corridas pela TV. Nessas minhas recaídas (como na corrida de domingo) que me pego em frente ao sofá, lembro-me que meu médico me aconselhou a evitar emoções fortes. E eu optei por sofrer só pelo meu time de futebol, que já me acompanha a mais tempo.