sábado, maio 17, 2003

Objetos, livros e CDs que emprestei e que nunca me devolveram

"Ela sacou um Jack Kerouac da bolsa e disse que estava devolvendo uma parte da minha história. Seus grandes olhos verdes, inundados de lágrimas por lembranças de um passado triste e mal resolvido. Seus olhos penetravam meu silêncio, trazendo imagens disformes, inexplicáveis naquela noite sem poesia."

Inicio uma nova série, com o primeiro parágrafo "à deriva" de Leon em seu "Beijo Descalço".

Todos os objetos, livros, CDs e outras quinquilharias que um dia emprestei (mesmo os que eu não faria questão nenhuma em tê-los de volta), podem (quem sabe um dia) serem devolvidos como quem devolve a parte da história de alguém.

Em locadoras e bibliotecas, existem prazos para devoluções. Entre amigos, colegas e conhecidos, esses prazos nunca são obedecidos, ou nem sequer existem.

Tenho vontade de comprar dois exemplares de cada livro e CD favorito (precavendo que um exemplar emprestado pode nunca mais ser devolvido).



Comprei o CD dos "Sobrinhos do Ataíde", quando eles ainda participavam da programação da rádio 89 FM de São Paulo.

No CD, está registrado um pouco do humor que o trio destrinchava na "rádio-rock", com seus personagens inesquecíveis como: Peterson Foca, Zé e os Cara, Mano Wladimir, Seo Gilmar e Marquinho, Pinóculos, Wilber, Tuca Zazueira, Waleska Cristina, Irmãos Benson, entre outros.

Esse CD foi emprestado (sem minha permissão) pelo meu irmão para algum amigo dele, que na certa emprestou para outro amigo, que emprestou para outro amigo, e esse mundo é tão pequeno e dá tantas voltas, que qualquer dia, um amigo meu vai me emprestar o meu próprio CD.

Tudo bem, esse não é um CD da minha lista de favoritos. CDs são para ouvir música e não piada, e eu posso viver muito bem sem ele. Mas se você amigo(a) leitor(a), tiver em sua casa um CD dos "Sobrinhos do Ataíde" e não sabe de onde procedeu, pode ser o meu.