Drummondianas, a falta de pão e poesia

"Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo"...

Eles decidiram colocar os nomes dos seus gêmeos de Drummond e Dumont. Imaginou que ambos inspirados pelos nomes, dariam orgulho aos Silva.
Passaram-se os anos, e o lugar em que habitavam não auxiliou muito no destino traçado aos garotos.
Dumont fazia mais o papel do próprio invento do que do inventor, levando um pó branco de um lugar para o outro.
Drummond tinha grande habilidade com as letras, falsificava cheques e documentos com muita presteza.
Dumont sumiu no último inverno. Dizem que foi queima de arquivo.
Drummond cumpria sentença num presídio local. Fugiu numa rebelião em 2002.
Na favela onde moravam todos já estão sabendo, dois mil e dois foi o ano do Drummond.

O poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade foi o grande homenageado no ano de 2002. Um projeto de lei aprovado pela Câmara dos Deputados, intitulou 2002 como o Ano Nacional Drummond.