Meu mundo e nada mais
Um dos maiores problemas para o público brasileiro aficionado pela cultura pop/rock internacional é o excesso de informação caótica, ou pior, informação manipulada.
Essa área, eternamente dominada por uma velha geração de jornalistas (ou por seus "sucessores"), críticos que macaqueiam as atitudes viciadas de tablóides e magazines das cenas londrinas ou nova-iorquinas, acaba sendo de uma chatice e de uma pedância insuportáveis.
Via de regra, o erro do (mau) formador de moda é informar no mínimo, embaralhar o máximo e, principalmente, roubar o foco do leitor para que ele, jornalista, em seu narcisismo invejoso, possa brilhar e passe a ser a verdadeira estrela da cena, se possível se transformando em uma grife poderosa.
Tudo bem, todos são filhos de Deus, mas há muita falta de profissionalismo.
Nesse meio viciado, as opiniões que se formam vêm sempre cravadas por um jogo de implicâncias e de indulgências que variam com o humor menstrual de quem escreve, os delírios de uma noitada, suas ressacas e day after, o tamanho do rombo da conta bancária, o bofe que se escafedeu na véspera e outras imponderabilidades.
Mas nem tudo está perdido. Há honrosas exceções, como o velho amigo Fabian (que muitas vezes também não me poupou, indo na jugular das minhas babaquices ou mostrando caminhos esquecidos), sempre respeitado por uma consciência precisa, e que agora nos aparece com este projeto maravilhoso.
Sempre foi exatamente isso que faltava - um trabalho de sistematização séria e principalmente saborosa no detalhe, feito por quem ama o que faz.
Fiquei lisonjeado de poder escrever essas linhas e desejo muitas e muitas edições, com as novidades do futuro, pois, como reza a nossa cartilha, "Hey, hey, my, my, rock and roll can never die".
(Guilherme Arantes - Prefácio do guia: Os ídolos do pop/rock)