A última sessão de cinema
Sempre fui apaixonado por cinema. Aliás, por filmes em geral. Sejam exibidos em cinema, tv, vhs ou dvd.
Mas, a paixão inicial foi pelas projeções no velho telão. E quando criança vivi o meu "Cinema Paradiso" no bairro onde moro. Ir ao cinema era o "grande acontecimento".
Hoje, uma igreja evangélica ocupa o local aonde era o velho cinema.
E por coincidência, até o local em que trabalho, em outro bairro, ocupa hoje o mesmo prédio que era também de um velho cinema - me confidenciaram velhos moradores.
É, o cinema me persegue. Uma ex-namorada tinha um irmão que trabalhava num desses cinemas de shopping. E de vez em quando, ele arrumava alguns ingressos para nós. Era bacana esse meu ex-futuro-cunhado. Mas meu filme com a irmã dele não teve continuação.
Minha atual namorada, já me revelou que nunca foi tantas vezes ao cinema, como está indo agora comigo.
Andei vendo muitos filmes nos últimos dias. Não só nos últimos dias - a vida inteira.
Às vezes me sinto num longa metragem. Personagens se misturam no dia-a-dia. O roteiro nem sempre é fácil de se entender. Ora tudo parece ser tão dramático, ora parece ser uma aventura, outras vezes parece comédia.
E então retrocedo a fita para rever algumas cenas. Percebo alguns erros de continuação.
E nem sempre a trilha sonora se equilibra com a ação.
Não quero ser John Malkovich. Nem quero ser um personagem que se materializa saindo da tela, como em "A Rosa Púrpura do Cairo". Nem ser um filme de tv, com inúmeros intervalos comerciais que se misturam com o próprio filme, como em "Ladrões de Sabonete".
Só espero que no final do filme, meu nome ainda conste nos créditos. E que não seja dirigido por nenhum Alan Smithee.